sexta-feira, 3 de julho de 2015

12,5 milhões de pessoas estudam pelo celular no Brasil


A Internet está provocando uma revolução educacional pelo mundo, disponibilizando conteúdo sobre qualquer assunto, em qualquer nível de instrução, em centenas de idiomas, para qualquer pessoa que esteja conectada. O celular faz parte dessa revolução, não apenas por conta do acesso à Internet que o smartphone provê, mas também em razão da oferta de cursos moldados especificamente para a interface móvel e seus diferentes canais: SMS, portal de voz, site móvel, aplicativo móvel etc. Levantamento feito por MOBILE TIME com base em dados fornecidos pelas operadoras e outras fontes do segmento de serviços de valor adicionado (SVA) indica que hoje há 12,5 milhões de "estudantes móveis" no Brasil. Este é o número de assinantes de serviços de educação providos pelas quatro maiores operadoras celulares do País (Claro, Oi, Vivo e TIM), o que inclui desde cursos de idiomas até preparatórios para concursos, assim como cursos livres de informática, fotografia, vinhos, dentre outros temas diversos. É a primeira vez que esse levantamento é feito no País. Para conseguir os dados, MOBILE TIME concordou em não divulgar os números individuais de cada operadora. De acordo com fontes do setor, a base vem crescendo a uma velocidade de 30% ao ano. Se mantido esse ritmo, a base das operadoras ultrapassaria 16 milhões este ano.

A quantidade de estudantes móveis no Brasil, porém, é muito maior que 12,5 milhões, já que não estão incluídas as pessoas que fazem cursos de apps independentes, sem parceria com as operadoras, como Duolingo e afins. O app de idiomas Busuu, por exemplo, que tem uma parceria com a Oi desde o fim do ano passado mas também opera de maneira independente, tem somente no Brasil mais de 4,5 milhões de usuários ativos. O levantamento tampouco contabiliza os usuários de ferramentas educacionais móveis periféricas, como dicionários de línguas ou serviços de assinatura de bibliotecas de e-books, como o Nuvem de Livros, da Vivo, ou o Oi Bookstore, da Oi.

História
A exploração desse mercado pelas operadoras começou cerca de cinco anos atrás, primeiramente com cursos de idioma via SMS. O pioneiro foi o curso de inglês Kantoo, da Vivo, que hoje existe para várias outras línguas, como espanhol e mandarim, somando 1,5 milhão de assinantes. Logo as operadoras perceberam as vantagens de apostar nesse tipo de serviço, como um substituto de outros SVAs relacionados a entretenimento, que vinham perdendo força em razão de reclamações dos consumidores. A assinatura de serviços de educação móvel tem um ciclo de vida significativamente maior que aquele de outros conteúdos e conquista mais usuários porque o consumidor percebe valor neles. Desta forma, ao longo dos últimos anos, todas as operadoras brasileiras incluíram serviços de educação em seus portfólios de produtos. Além disso, a categoria foi expandida para além dos cursos de idiomas, abrangendo também a preparação para o Enem e para concursos públicos, cursos de português e de matemática, e cursos livres diversos. A assinatura costuma ser semanal e variar de R$ 1,99 a R$ 3,99.

Outro movimento recente é a adaptação dos cursos para os diferentes canais presentes nos dispositivos móveis, de maneira a atender desde usuários de feature phones até aqueles com smartphones. As lições podem ser lidas por SMS e ouvidas por portal de voz. Há conteúdo multimídia em sites móveis e/ou em aplicativos nativos para Android e iOS. Há correção de exercícios e até professores à disposição para atender os estudantes, como no caso da versão mais recente do Kantoo Inglês.

Público
A maioria das pessoas que estudam pelo celular são usuários pré-pagos, em uma proporção um pouco maior que aquela atual da base total do Brasil (hoje, ao todo, cerca de 75% das linhas no País são pré-pagas). O perfil médio é de adultos jovens, das classes B, C e D, que trabalham ou estão à procura de emprego e estudam pelo celular em sessões curtas ao longo do dia, aproveitando momentos ociosos, como o deslocamento para o trabalho ou a espera em consultórios médicos. Cada aula costuma durar entre cinco e sete minutos. Há uma concentração na utilização dos serviços no horário do rush, na hora do almoço e no final do dia, depois das 20h. A duração dos cursos pode variar. Depende da quantidade de aulas e da frequência com que os alunos acessam a plataforma. Geralmente os cursos livres levam de uma a duas semanas, mas podem ser concluídos até em um único dia, no caso de estudantes mais motivados. Aqueles de idiomas são preparados para durar meses ou anos. A Edumobi, que fornece cursos livres para a Vivo, entrega um certificado impresso para cada estudante que conclui um dos seus cursos. Somando os 41 cursos oferecidos pela sua plataforma, 40 mil pessoas já se graduaram.

A flexibilidade de poder estudar na hora e no local onde quiser é uma das grandes vantagens da educação móvel, comentam especialistas. Outra é a abrangência do canal: o celular está no bolso de praticamente todo brasileiro adulto, nos quatro cantos do País, em todas as camadas sociais. Por conta disso, é uma interface que qualquer pessoa sabe usar, dispensando a necessidade de um aprendizado da própria plataforma.

Competição
A educação móvel, porém, não é vista como uma substituta dos cursos presenciais ou mesmo daqueles on-line. Na verdade, é tida como um complemento. "Os cursos pelo celular têm o papel de ser a primeira milha de conhecimento de temas específicos", comenta Alex Pinheiro, presidente da Edumobi. "Já tivemos o caso de um garçom que fez um curso de vinhos pelo celular e depois de concluí-lo tomou coragem para se matricular em um curso presencial para virar sommelier", relata.


Apesar dos benefícios para a população, a educação móvel enfrenta uma barreira: os impostos de telecomunicações. Cerca de um terço do valor da assinatura dos serviços de educação móvel prestados pelas operadoras é recolhido para o pagamento de impostos, principalmente ICMS. Se não houvesse essa cobrança, os preços poderiam ser mais baixos, incentivando ainda mais a adoção desse canal e alongando o ciclo de permanência dos estudantes.

FONTE: CorpTV

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